segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

semi-diário da ann _ forever lost

Amanhecer,
Perdoai-me  por saber de tua confusão, hoje não poderia ter existido para mim e nem você.
Sabe, ela não vai duvidar de ti.
Não sei, pretendia voar sem covardia, encontrar o que procuro, o anjo azul nunca quebrou as asas mesmo.
Veja bem, todos os dias eu tento vencer o meu próprio pensamento, luto para não pensar antes de pensar, quero me recuperar, encontrar meu eu perdido. Seria egoísmo colocar a mão no seu queixo e virar seu rosto de encontro ao meu olhar? Veja esses olhos, eles conseguem ser marcantes porque tem muita coisa guardada dentro dele que ainda não foi estourada.
Me guiando pelo suposto horizonte infinito...
Não sou duas, agora sou uma, a única, que nunca foi flor, que nunca foi páginas, a desgraça e que nunca foi mácula.

 

domingo, 31 de janeiro de 2010

Pai Tomé das matas

Quem me rege e me guarda não és tu Iemanjá, que se contenta com um espelho, um batom e um esmalte.
Meu guardião é aquele preto-velho ali da mata que sempre me aparece pra contar suas histórias, crendices e suas sabedorias, que se contenta com aquele tabaco, aquela cachaça forte e bolo de milho. Quando tu me aparece Painho Tomé, com essa tua humildade e o cachimbo de barro, te chamo pra entrar.
- Não chores ó Painho.
Sempre que te vejo assim, tão sábio e esperançoso, sentado nesse banquinho com os olhos cheios de lágrimas, meu preto, choro contigo.
Quem vem, que vem lá de tão longe?
São os pretos velhos que vem trabalhar.

KOSI OBA KAN AFI OLORUN
Ele é o princípio e o fim de tudo.


Dedico essa para você, m.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Fragile

Ela subiu aos céus como se uma força maior a puxasse pelo ventre, lá de cima, ainda sonolenta, ia abrindo os olhos vagarosamente e vagarosamente olhou para um lado, olhou para o outro e nada encontrou, tornou a fechar os olhos e caiu em câmera lenta no formato de um "U", caiu e mergulhou em águas transparentes, dava de vê-la mergulhar, intacta, em posição de feto no fundo daquela imensidão.
Quando acordou, apenas flutuava de costas deixando se levar pelas águas tranquilas d'onde não havia nenhum outro ser, lá de cima alguém a via, estava tranquila, serena e soltava uns risinhos vez ou outra, solitária e crente na sua liberdade.


Estar presa nas águas infinitas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Realidade Resignada

Nunca acreditei em Anjos, Arcanjos, Serafins, Querubins ou Ofanins.
Corri da cama no quarto em direção à porta principal na sala, corri por um corredor vertical e parecia que nunca ia acabar, cheguei ao topo e vi pássaros com luz própria que berravam gritos de liberdade.
Corri por causa daquilo que sempre vejo e que me assusta.
Ah, os anjos... um deles me apareceu às 2:47am.
Olhei de cima da torre, encostei no parapeito e juro que não fui eu que disse saindo de mim e com minha voz em alto e bom tom:
- Não vou fazer o mesmo que você.
Adormeci onde eu estava e lá sonhei com uma luz falante.
Alice estava acordada e acordou.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

NAPALM #28

Suores misturados e pegajosos, cores e cheiros mergulhados no prazer, terroristas, bandidos, ladrões de vidas, reféns da consciência, marginais, justiceiros, delinquentes do amor-louco, foras-da-lei, incendiadores.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Universo Azul

Quando deito-me contigo nesse tão pequeno universo, entro sem querer no infinito e por ele vou caminhando entre tuas palavras, me leva a loucura e tudo contigo me conforta, tua boca, teu toque, tua voz.
Nos perdemos então.
No teu cheiro, o meu êxtase.
Nos meus sussurros, o teu.
Dou uma minúscula risada e você desliza sua mão pelo meu seio.
Saímos então paralisados deste mundo projetado por nossa subconsciência formando o uno.
Voltamos ao finito, consigo sentir a pupila se contraindo depois de abrir os olhos, acendemos uns cigarros e conversamos.
Que belo ensejo, não foi um mero devaneio, Alice está acordada.  

sábado, 16 de janeiro de 2010

Diário da minha lucidez. PT 1

O que tenho passado por esses dias não tem nada de sadio.
Há 5 semanas que sinto essa dor aguda na parte de trás do meu crânio, é como se estivesse corroendo, desmaio e acordo sem saber quem ou o que sou, sinto O Vazio. Tudo que vejo, desde uma pedra no chão, um vento beijando meu rosto e as luzes dos postes na madrugada tem me lembrado algum momento da minha vida, sensação de perda...
Finalmente estou sentindo o que sempre esperei, o sentimento apocalíptico. Minha renúncia foi feita e agora sofro ritmicamente, preciso da minha desgraça, de ter a certeza, a lucidez de ser uma desgraçada para poder desfrutar da minha felicidade.
Absurdemos a lucidez.